"Registro na íntegra o que Ricardinho me disse e deixo que os leitores tirem as conclusões. Na verdade, o time do Atlético é fraco"
Conheço Ricardinho há alguns bons anos. Estivemos juntos na conquista do penta, na Ásia, e em outros momentos mundo afora. É um cara polido, inteligente, que tem suas opiniões, e profissional, acima de tudo. Aquele que disser que ele não treina com afinco estará mentindo, pois é daqueles profissionais raros. Ano passado, atravessou uma fase ruim na carreira, pois não estava jogando absolutamente nada e mais parecia um ex-jogador em atividade. Este ano, porém, depois de uma boa pré-temporada, vinha sendo o maestro do Galo, mesmo aos 35 anos. Para surpresa geral, foi dispensado, junto com o volante Zé Luís, e não faz parte mais do grupo atleticano.
Ontem cedo, bati um longo papo com Ricardinho. Aliás, foi o nosso primeiro contato neste um ano e meio em que ele está aqui. O jogador foi taxativo em suas explicações e fez questão de me dizer que não estava justificando nada ou querendo culpar A ou B. Vejam o que Ricardinho me disse. Abre aspas. “Fiquei surpreso quando o Dorival me chamou em sua sala e disse que eu e o Zé Luís estávamos atrapalhando seu trabalho, pois disseram que éramos influência negativa para o grupo, e que a partir daquele momento estávamos dispensados. Perguntei a ele quem disse e pedi que ele colocasse essa ou essas pessoas na minha frente. Ele não quis fazê-lo e reafirmou que estávamos fora de seus planos.”
“Eu disse que aceitava a decisão, como profissional, mas que não concordava, pois jamais fui um cara de influências negativas, e muito pelo contrário. Você que me conhece há anos, sabe do meu comportamento. Os jogadores mais jovens ficaram tão surpresos quanto eu e só em olhar o semblante deles me senti confortado. Vim para o Atlético porque acreditei no projeto, estava feliz aqui e dei tudo o que pude para que as coisas funcionassem a contento. Sou um jogador que se precisar treinar em três períodos o faço, pois me cuido, não bebo, não sou da noite, da gandaia ou coisa parecida. Sou profissional ao extremo.”
“Talvez o técnico goste daqueles que dizem amém, que gostam da farra, que gostam das noitadas. Este não é o meu caso. Outra coisa importante: sou uma pessoa esclarecida, um jogador com conhecimentos técnicos e táticos, que já jogou nos principais times do Brasil, do exterior e na Seleção Brasileira. Sei que isso incomoda muita gente, pois sei quem é quem nos treinamentos, embora jamais tenha questionado. Todo jogador inteligente sofre esse tipo de discriminação.”
“Rodado que sou no futebol, sei que quando as coisas não estão bem é preciso achar um culpado e dessa vez sobrou para mim e para o Zé Luís. É preciso mudar o foco, justificar o mau momento e a nossa dispensa será assunto da semana, desviando o foco do time que não se encontra e tem sérios problemas estruturais. Eu enxergo o jogo, os treinamentos, e tenho capacidade para falar o que está certo ou errado, embora jamais tenha contestado o trabalho do Dorival. Sempre colaborei e jamais me rebelei. Não quero aqui, Jaeci, ser o dono da verdade ou coisa parecida. Estou apenas sendo o mais fiel possível sobre aquilo que aconteceu. Fui dispensado pelo que não fiz e não concordo. Amanhã, vou ao clube para acertar as questões jurídicas, mas ainda fico em BH por um tempo. Graças a Deus tenho as portas abertas no futebol, mas vou esperar para ver o que pode acontecer. Lamento muito deixar o Atlético nessas condições, pois me preparei como nunca para ajudar a equipe nesta temporada”.
Registro na íntegra aquilo que Ricardinho me disse e deixo que os leitores tirem as suas conclusões. Na verdade, como escrevi sábado, o time do Atlético é fraco, preocupante e abaixo de qualquer crítica. Aquela partida contra o Prudente foi uma das piores coisas que vi nos últimos tempos. Algo precisa ser feito, e urgente. Conheço o Dorival Júnior há anos e o considero um dos técnicos mais competentes da nova geração. É correto, polido, caráter ímpar, um dos caras de quem o futebol precisa. Costumo dizer que, se tivéssemos técnicos e pessoas como ele, o futebol seria um mundo melhor e não essa podridão que é. Liguei para ele, em Valadares, para ouvir sua versão, mas ele preferiu não falar, pois disse que o assunto está nas mãos da diretoria. Hoje, o presidente Alexandre Kalil dará uma coletiva para explicar a saída dos dois jogadores.
Preocupação
Dispensas e negociações à parte, o verdadeiro torcedor atleticano está preocupado com a equipe nesta temporada, que pelo que mostrou na partida contra o Prudente e nos últimos jogos vai apenas figurar no Brasileiro, sem a menor chance de ganhar a Copa do Brasil. Fiquei sabendo que um dirigente disse que fui duro com o Galo na minha coluna de sábado. Ora, o que ele queria? Queria que eu dissesse que está tudo bem, que o time é maravilhoso e candidato aos títulos que vai disputar? Sinto muito, meu caro. Não estou aqui para esconder erros ou elogiar fracassos. Reconheço todo o esforço da diretoria em estruturar o clube, em buscar jogadores à altura, mas até aqui não tem dado certo, assim como não deu em gestões passadas. Gostaria muito de elogiar o Galo, pois com exceção da torcida cruzeirense, seria muito importante para Minas Gerais ver o Atlético campeão. O problema é que com esse time atual não vejo a menor condição.
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“Eu disse que aceitava a decisão, como profissional, mas que não concordava, pois jamais fui um cara de influências negativas, e muito pelo contrário. Você que me conhece há anos, sabe do meu comportamento. Os jogadores mais jovens ficaram tão surpresos quanto eu e só em olhar o semblante deles me senti confortado. Vim para o Atlético porque acreditei no projeto, estava feliz aqui e dei tudo o que pude para que as coisas funcionassem a contento. Sou um jogador que se precisar treinar em três períodos o faço, pois me cuido, não bebo, não sou da noite, da gandaia ou coisa parecida. Sou profissional ao extremo.”
“Talvez o técnico goste daqueles que dizem amém, que gostam da farra, que gostam das noitadas. Este não é o meu caso. Outra coisa importante: sou uma pessoa esclarecida, um jogador com conhecimentos técnicos e táticos, que já jogou nos principais times do Brasil, do exterior e na Seleção Brasileira. Sei que isso incomoda muita gente, pois sei quem é quem nos treinamentos, embora jamais tenha questionado. Todo jogador inteligente sofre esse tipo de discriminação.”
“Rodado que sou no futebol, sei que quando as coisas não estão bem é preciso achar um culpado e dessa vez sobrou para mim e para o Zé Luís. É preciso mudar o foco, justificar o mau momento e a nossa dispensa será assunto da semana, desviando o foco do time que não se encontra e tem sérios problemas estruturais. Eu enxergo o jogo, os treinamentos, e tenho capacidade para falar o que está certo ou errado, embora jamais tenha contestado o trabalho do Dorival. Sempre colaborei e jamais me rebelei. Não quero aqui, Jaeci, ser o dono da verdade ou coisa parecida. Estou apenas sendo o mais fiel possível sobre aquilo que aconteceu. Fui dispensado pelo que não fiz e não concordo. Amanhã, vou ao clube para acertar as questões jurídicas, mas ainda fico em BH por um tempo. Graças a Deus tenho as portas abertas no futebol, mas vou esperar para ver o que pode acontecer. Lamento muito deixar o Atlético nessas condições, pois me preparei como nunca para ajudar a equipe nesta temporada”.
Registro na íntegra aquilo que Ricardinho me disse e deixo que os leitores tirem as suas conclusões. Na verdade, como escrevi sábado, o time do Atlético é fraco, preocupante e abaixo de qualquer crítica. Aquela partida contra o Prudente foi uma das piores coisas que vi nos últimos tempos. Algo precisa ser feito, e urgente. Conheço o Dorival Júnior há anos e o considero um dos técnicos mais competentes da nova geração. É correto, polido, caráter ímpar, um dos caras de quem o futebol precisa. Costumo dizer que, se tivéssemos técnicos e pessoas como ele, o futebol seria um mundo melhor e não essa podridão que é. Liguei para ele, em Valadares, para ouvir sua versão, mas ele preferiu não falar, pois disse que o assunto está nas mãos da diretoria. Hoje, o presidente Alexandre Kalil dará uma coletiva para explicar a saída dos dois jogadores.
Preocupação
Dispensas e negociações à parte, o verdadeiro torcedor atleticano está preocupado com a equipe nesta temporada, que pelo que mostrou na partida contra o Prudente e nos últimos jogos vai apenas figurar no Brasileiro, sem a menor chance de ganhar a Copa do Brasil. Fiquei sabendo que um dirigente disse que fui duro com o Galo na minha coluna de sábado. Ora, o que ele queria? Queria que eu dissesse que está tudo bem, que o time é maravilhoso e candidato aos títulos que vai disputar? Sinto muito, meu caro. Não estou aqui para esconder erros ou elogiar fracassos. Reconheço todo o esforço da diretoria em estruturar o clube, em buscar jogadores à altura, mas até aqui não tem dado certo, assim como não deu em gestões passadas. Gostaria muito de elogiar o Galo, pois com exceção da torcida cruzeirense, seria muito importante para Minas Gerais ver o Atlético campeão. O problema é que com esse time atual não vejo a menor condição.
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